Essa semana comemoramos o Dia dos Profissionais de Letras. Festejo pessoalmente, é meu cantinho. Amigos pediram para rememorar, será que ajuda alguns?
Comecei a escrever, especialmente meus poemas por volta de 1963, quando vivia em Porto Alegre, com meus pais. Lá pelos meus dezessete aninhos. Ainda estava amarrado aos poemas formais, em especial os sonetos. Nada de “versos livres”. Hoje isso é absurdamente diverso na cabeça da garotada que inicia a escrita poética. Mudei, claro. O tempo a. Vejo que hoje poucos tem uma noção mais clara dos recursos poéticos.
Levei meu tempo para mudar. Tive a felicidade de encontrar semanalmente com o Mestre Mario Quintana, já por volta de meados de 1964, que recebia estudantes e dava suas dicas, orientações, sobre como escrever. Íamos vê-lo no seu Hotel, na Rua da Praia. Adorável! Sentíamos orgulho daqueles encontros. Sua visão era plenamente favorável aos versos livres, coisa em que sentia dificuldade então. Ele ia orientando. Eu era um dos que mais resistiam, mesmo ensaiando em casa. Ia tentando, mas bem lentamente. Tinha minhas reservas na relação entre prosa e poesia.
No ano seguinte, em 1965, já com uns tantos poemas redigidos em versos livres, iniciei o Ensino Médio, que chamávamos “Colegial”. Foi no Colégio “Julio de Castilho”, um modelo na Cidade, que tinha prova de seleção para cursar. E foi alí, num jornal estudantil, que tive meu primeiro poema publicado. Não tenho mais esse impresso, mas enfim...
Tempos depois, em 1967, já em São Paulo, no bairro de Pinheiros, já estava bem mais livre na criação poética. Tenho ainda hoje meu “Caderno de Anotações” onde juntei poemas e outros textos que fui construindo daí em diante. A partir de 1968, já cursando Direito na “Católica”, hoje PUC-SP, dei uma diminuída na minha produção, tempos mais complicados. Em 1969, sofri um acidente super grave, com coma por traumatismo craniano, com meses de tratamento. Meus pais se mudaram para o Rio de Janeiro e, dependente deles, fui junto. Escrever me dava forças.
Em 1971, depois de namoro, casei, em Suzano, e fomos para a Europa. Numa conversa com Professores da Universidade de Paris, fui perguntado sobre meu sonho. Queria mesmo era ser Escritor então me matriculei em Letras. Depois da Graduação, fiz Mestrado e Doutorado e fui convidado a ser Professor Assistente na Sorbonne. Voltamos ao Brasil em 1977 e nos instalamos em Suzano, atuando por uns bons meses na Prefeitura local. Escrevia bastante.
No início de 1978 reiniciei o Magistério no Brasil, na Rede Estadual, ensino secundário, e em Universidades Particulares. Depois de 1980 fui publicando uns livros, com Estudos Acadêmicos, História, Poesia e Prosa. Ganhei o Prêmio Mapa Cultural Paulista em 1996. Hoje tenho uns vinte livros publicados. Orgulho de ser Escritor. Temos de persistir na luta da nossa vida. Mesmo hoje, chegando aos oitenta anos, continuo e continuarei Escritor, Historiador, Poeta. Se você sonha, não desista, persista! Mesmo se seu sonho parecer apenas ilusão será o percurso de uma batalha. Sempre ará por altos e baixos. Siga avante! Lute!