Oito crianças embarcaram no porto de Nápoles com seus pais, deixando a terra de origem no Sul da Itália para virem ao Brasil. Sete eram meninos que viviam ainda na idade da inocência, estudando, brincando, correndo na rua, driblando outros meninos. E havia uma menina com doce aparência, com muita arte tecida no ventre materno e que ainda se encontrava no colo da mãe. Toda a vizinhança, na cidadezinha onde eles moravam, era feliz de contemplar a linda bonequinha.
Com o coração palpitante os oitos filhos embarcaram no porto de Nápoles, acompanhando os pais e ficando ao lado deles durante os dois meses de navegação. Nunca temendo o futuro que os esperava, pois eram felizes de ver a imensidão do Oceano Atlântico, cujas águas se abriam noite e dia até chegar e desembarcar no porto de Santos.
Os pais, ao contrário, meditavam e pensavam como seria viver no novo mundo, num país conhecido como terra dos Índios, onde havia a possibilidade de viver melhor , enquanto a Itália no pós guerra vivia nas bordas do abismo e da pobreza.
As noites e as amanhas transcorridas no navio foram tantas esperando ansiosos de ver a Terra de Santa Cruz.
Os pais, no dia a dia, escondiam tristemente suas lágrimas por estarem com seus filhos bem longe do santuário domestico, deixando, apenas, aparecer brilhos momentâneos e instantâneos. A navegação, para a grande e numerosa família Cirillo que se encontrava no navio, foi cansativa, dolorida e sofrida, mas vivida com fé inabalável que a toda dor resistia. Os pais dos oito rebentos, o mais velho tinha 18 anos, carregavam a alma dos filhos que em certos frágeis momentos eram assombrados pela saudade dos amigos e amizades vividas na cidadezinha italiana. Por isso, os pais dispensavam beijos e abraços, com braços abertos, enchendo o coração dos filhos de amor e carinho.
A família Cirillo encontra-se hoje no Brasil. Pais falecidos e dos oitos filhos dois morreram. Dos viventes, há quem mora em São Paulo e quem mora em Suzano. Muito conhecida era a barbaria do Sr. Antônio Cirillo, localizada no Sesc. Também, muito conhecida é a jovem Bianca, filha do Sr. Vilson Cirillo recentemente operado na perna.
A querida Bianca possui uma bela voz. A música está dentro do seu peito e da sua alma e do seu coração e por certo, não deixa de cantar música italiana: " Dio come ti amo, nel cielo ano le nuvole, che vanno verso il mare. Sembrano fazzoletti bianchi che salutano il nostro amore. Dio come ti amo". " La solitudine. Marco se ne é andato e non ritorna più". "Volare nel blu, dipinto di blu".
Na hora que Bianca Cirillo canta o coração do público acelera de emoção. Nem precisa dizer que vale a pena honrar e valorizar o folclore musical italiano que traz melodias que enlevam o coração.
Neste texto que escrevi, vimos reviver um pouco da historia dos emigrantes italianos, suas lutas, suas conquistas, seu sofrer, mas que a tudo o amor superou. Em quase todo o Brasil, no 1º domingo de junho é comemorado o Dia da Comunidade Italiana.